Um episódio ocorrido em uma unidade hospitalar do interior de Rondônia vem gerando forte comoção entre profissionais da saúde e familiares de pacientes, após complicações graves em um procedimento cirúrgico envolvendo uma criança de quatro anos.
Segundo relatos obtidos com exclusividade por esta reportagem — ainda não oficialmente confirmados pelas autoridades responsáveis — o procedimento, inicialmente de baixa complexidade (correção de hérnia inguinal), teve desdobramentos críticos que culminaram na necessidade de transferência da criança para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em outro estado.
Fontes internas da equipe de enfermagem e apoio técnico — que preferem não ser identificadas — apontam que o anestesista escalado para o plantão estava em atividade contínua há pelo menos 27 dias. Durante o ato anestésico, no caso do paciente adulto, teria havido dificuldade na eficácia do bloqueio anestésico, demandando infiltrações complementares. Já no caso infantil, relatam-se reações à sedação utilizada e uma sequência de intercorrências clínicas que teriam exigido intervenções emergenciais.
Conforme informado, o anestesista teria tentado reverter o quadro com manobras de ventilação e intubação, inclusive utilizando, segundo consta, material possivelmente inadequado para a faixa etária da paciente — uma informação que, se confirmada, pode indicar falha técnica.
Apesar de esforços médicos posteriores e da entrada de um pediatra para estabilizar o quadro, a criança teria sido mantida por várias horas na unidade sem transferência hospitalar, em condições críticas de oxigenação. A alegada demora no encaminhamento para o Hospital da Criança, em Rio Branco, também é apontada por servidores como fator de agravamento.
A reportagem apurou que após o ocorrido, equipes do hospital solicitaram formalmente o cancelamento de procedimentos eletivos e a revisão das escalas médicas, especialmente no que se refere à carga horária de plantonistas em idade avançada. Fontes indicam ainda que a direção hospitalar comunicou oficialmente a permanência prolongada do referido anestesista à SESAU, contudo, sem qualquer posicionamento oficial da secretaria em relação as irregularidades.
Diante da gravidade do quadro clínico apresentado pela criança — atualmente internada na UTI com suspeita de hipóxia cerebral — entidades de classe e órgãos de controle, como o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina, deveriam estar cobrando explicações em apoio aos familiares do menor.
Este episódio lança luz sobre a necessidade de revisão urgente nos critérios de contratação, dimensionamento de plantões e fiscalização de escalas médicas, sobretudo em regiões afastadas dos grandes centros, onde o déficit de profissionais qualificados costuma ser suprido por jornadas extensas e equipes reduzidas.
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