Café é paixão, é hábito, é ritual. E para cada entusiasta da bebida, existe um modo favorito de preparo: seja com prensa sa, coador de pano ou até métodos tradicionais como o cezve turco. Mas agora, a ciência decidiu entrar na cozinha e colocar o café sob o microscópio — literalmente.
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia desenvolveram um novo método para otimizar a extração do café, com base em princípios da química molecular e da física dos fluidos. Nada de truques mirabolantes para coar o café: trata-se de entender melhor como a água interage com o pó durante o preparo para extrair o máximo de sabor — com o mínimo de desperdício.
O segredo está no jeito de despejar a água. Utilizando partículas transparentes de gel de sílica em um funil de vidro (uma simulação fiel aos filtros tradicionais), os cientistas analisaram em câmera lenta o impacto da água sobre os grãos.
A recomendação surpreende pela simplicidade: despejar a água de uma altura elevada, mantendo um fluxo constante. Isso cria um “efeito avalanche”, redistribuindo uniformemente o pó e permitindo que todas as camadas sejam alcançadas pela água. O resultado? Uma extração mais uniforme e uma bebida mais rica.
Mas há um alerta: jatos muito fracos ou instáveis causam a quebra do fluxo em gotículas, prejudicando a homogeneidade e o sabor final. Como explica a pesquisadora Margot Young, um fio contínuo é crucial para garantir que o pó não fique estagnado, o que compromete a qualidade da bebida.
Além da experiência sensorial aprimorada, a proposta tem implicações ambientais importantes. Ao melhorar a eficiência da extração, é possível usar menos grãos por xícara — um avanço relevante num mundo onde as mudanças climáticas já afetam a produção cafeeira. O Brasil, maior produtor global, enfrenta secas, enchentes e calor extremo que colocam em risco o futuro das plantações. O mesmo ocorre em outros países-chave na produção, como Etiópia, Indonésia, Índia e Uganda.
Com essa nova abordagem, os cientistas sugerem que a indústria e os consumidores podem dar um o em direção à sustentabilidade, ajustando variáveis simples como a altura e o fluxo de água em vez de aumentar a quantidade de café utilizada.
Para os amantes da bebida, fica o convite: que tal experimentar a dica da ciência na próxima xícara? Seu paladar — e o planeta — agradecem.
Café, um aliado do coração
A cafeína é conhecida como a culpada pela associação entre o consumo excessivo de café e a maior propensão a problemas como insônia e até mesmo o aumento da pressão arterial. Entretanto, como a bebida não se resume à cafeína e, sim, a uma soma de compostos protetores, a literatura científica coleciona evidências sobre seus benefícios.