O cantor MC Poze do Rodo foi preso, na madrugada desta quinta-feira, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, por envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho e apologia ao crime. As investigações apontam que o cantor faz shows exclusivamente em áreas dominadas pela facção, com a presença de traficantes armados com fuzis para garantir a 'segurança do artista e do evento'. O artista tem mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais.
A Polícia Civil destaca que as apresentações são usadas pelo Comando Vermelho para aumentar os lucros com a venda de drogas e comprar armamento pesado. Além disso, a investigação identificou que as músicas do MC Poze do Rodo fazem "clara apologia ao tráfico de drogas", ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais.
A operação tem como objetivo o cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça.
Um desses eventos investigados foi feito no dia 19 de maio deste ano, na comunidade Cidade de Deus, com a presença de diversos traficantes armados. O show aconteceu poucas horas antes da operação em que o policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais, foi morto.
Segundo a Polícia Civil, as letras das músicas do MC Poze do Rodo "extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística", configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores das apresentações
Investigações começaram após baile funk em maio
As investigações começaram após um baile funk feito no dia 17 de maio, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram a festa com show do MC Poze do Rodo e presença de traficantes fortemente armados.
Nas imagens, é possível ver homens com fuzis nas mãos circulando livremente entre os participantes do evento, que ocorreu na Arena Lazer do 15. Enquanto o artista se apresentava, os criminosos assistiam ao show exibindo suas armas e filmavam, sem qualquer tipo de disfarce ou receio de serem identificados.
Todo o material foi analisado pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que quer saber, entre outras coisas, quem são os homens armados que aparecem no vídeo e quem financiou a festa, divulgada como "o maior baile do Rio".
As imagens viralizaram após um dia de intensos tiroteios na Cidade de Deus e a morte do inspetor da Core, tropa de elite da Polícia Civil, José Antônio Lourenço, de 39 anos. Ele prestava apoio a uma operação da Delegacia do Consumidor para fiscalizar a qualidade do gelo vendido nas praias da Barra da Tijuca e Recreio. Na comunidade, uma fábrica foi interditada por uso de água contaminada por fezes e um dos responsáveis pelo local foi encaminhado para a delegacia.