O sofrimento das cinco mil famílias de Rio Pardo, vilarejo localizado na Floresta Nacional “Bom Futuro”, em Rondônia, deverá acabar em duas semanas. O acordo que transferirá parte da reserva para o estado será cumprido. Com isso, a barreira montada pela Guarda Nacional será desfeita nos próximos dias. A notícia foi dada pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que visitou a localidade, acompanhado do deputado estadual Edson Martins (PMDB), na última sexta-feira (01).
Raupp reou aos moradores a posição dos representantes do ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes, Casa Civil em Brasília, Ibama, e governo de Rondônia. O parlamentar explicou que o acordo será formalizado por meio de uma Medida Provisória que permitirá a permuta das reservas. 140 mil hectares de Bom Futuro serão trocados pelo mesmo total da reserva estadual, Rio Vermelho. 70 mil serão destinadas ao extrativismo (mata em pé) e a outra metade para produção agrícola ou pecuária, entre outras.
Para que a MP, de autoria do Executivo, seja votada no Senado e na Câmara, falta apenas a inclusão de um levantamento sobre a ocupação da região, que está sendo feito por uma equipe do estado de Rondônia e que será concluído em menos de uma semana. A troca das áreas também enseja aprovação da Assembleia Legislativa de Rondônia. Edson Martins, juntamente e o senador Raupp alertaram para necessidade de mobilização dos deputados estaduais no sentido de aprovar a transferência das terras no menor tempo possível. “Assim como a PEC da transposição, a questão Rio Pardo e outros imes ambientais é uma bandeira rondoniense e precisa do empenho da Bancada Federal, deputados estaduais e governo de Rondônia”, disse o senador.
Valdir Raupp foi recepcionado pelo presidente da Associação dos Produtores Rurais de Rio Pardo (Aspruno), Salvador da Cruz Freire. A reunião contou com a participação dos presidentes das Câmaras Municipais de Buritis Wilson Lez, e Nova Brasilândia, Aroldo Laurindo, acompanhados dos membros do Conselho Municipal de Agricultura de Buritis.
Rio Pardo
Com a irregularidade territorial, os setores da saúde e educação estão inviabilizados. Não há transporte escolar e, atualmente, mais de 500 alunos estão fora da escola. Cerca de 300 do ensino médio e 200 do fundamental, segundo a diretora da escola, Jurcelene Luiza Cardoso. A escola é improvisada, construída com madeira. A unidade escolar é uma extensão da escola José de Abreu Bianco, de Buritis e da escola Cora Coralina, de Porto Velho, no distrito de Jacy Paraná. Pelo menos 200 estudantes, que moram próximos da cidade, permanecem em sala de aula.
Repressão Militar
A comunidade reclama de abuso de autoridade, por parte das forças militares que atuam nas fronteiras do território federal e estadual. Um pequeno posto de combustível foi fechado e as bombas arrancadas. A População não pode escoar a produção de leite, por falta de gasolina nas motocicletas e de diesel nos geradores que mantêm ligados os tanques de resfriamento do leite. São revistados ao saírem e ao entrarem na área. Até o motorista da única ambulância do local encontra dificuldades para sair do local com pacientes.
Sofrimento perto do fim
Raupp ressaltou aos presentes que sempre defendeu a permuta das áreas, apontando a medida como a única saída para o ime. “Com a regularização territorial, poderei colocar emendas para construção de uma escola com 10 salas de aula e uma unidade de atendimento à saúde, entre outras ações em conjunto com a deputada federal Marinha Raupp (PMDB).