“Se existe inferno, eu e minhas irmãs estivemos lá”. Esta foi a frase final da entrevista de uma das filhas do caseiro Amon Rodrigues da Silva, 60, que está preso desde segunda-feira acusado de matar a esposa na vila de Santa Maria do Boiaçu, no Baixo Rio Branco. Com 37 anos hoje e vivendo longe do pai desde os 16 anos, quando fugiu de casa, A.F.S. contou que ainda lembra dos momentos de terror que viveu sob o domínio do pai. Ela acusou o caseiro de ser um homem violento e disse que quando tinha 12 anos foi estuprada por ele.
A mulher disse que outras irmãs também sofreram abusos sexuais praticados pelo pai. “Sempre que uma de nós completava 12 anos, ele estuprava”, disse. Ela revelou também que o assassinato da dona-de-casa Marlene Alves da Silva, 35, não aconteceu por um simples ciúme, como foi informado pela polícia. Ela contou que Marlene foi assassinada porque, dias antes, denunciou o caseiro no destacamento da Polícia Militar, em Santa Maria do Boiaçu, por tentativa de estupro de uma das filhas do casal de 11 anos.
A filha alegou ainda que não foi tomada providência por parte dos policiais da região e, por isso, o caseiro matou a esposa na segunda-feira à tarde com golpes de terçado. Ela revelou que o pai também matou a mãe dela muitos anos atrás quando moravam em Goiás. Depois disso, Amon teria matado outros três homens, sendo um no interior do Amazonas, outro na cidade de Costa Marques (RO) e um terceiro em Roraima, na comunidade conhecida como 500, no Sul do Estado. Este último inclusive teria sido presenciado por uma irmã dela, que foi dada como desaparecida, porém a mesma suspeita que o pai tenha a matado para encobrir o crime.
Ela carrega no corpo várias cicatrizes que disse terem sido adquiridas através de agressões cometidas pelo pai. “Ele é muito perigoso e violento, é preciso que a polícia o mantenha preso para que não cometa outros crimes. Eu e minha irmã mais velha, que sabe de mais coisas, estamos dispostas a denunciar tudo que sabemos para que ele nunca mais saia da cadeia. Esse homem é um monstro e não pode viver livre”, disse.
HOSPITAL – Até ontem à noite o caseiro Amon Rodrigues da Silva continuava internado em observação no Hospital-Geral de Roraima, onde deu entrada no final da tarde de terça-feira, após ser trazido de avião de Santa Maria do Boiaçu. Conforme um policial militar do destacamento de Santa Maria, depois de matar a mulher o caseiro tentou o suicídio por duas vezes.
O delegado Márcio Amorim, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior, informou que o acusado está preso em flagrante e é mantido no hospital sob vigilância policial. Tão logo ele receba alta será autuado em flagrante para depois ser entregue na Penitenciária de Monte Cristo.