Retro Cultural 2007 – Culturalmente falando - por Zekatraca 1k5a70

Fim de ano, é tempo de se fazer balanço sobre tudo que presenciamos ou realizamos no decorrer dos meses que aram. No nosso caso especificamente, vamos nos reportar sobre os acontecimentos culturais que aconteceram ou deixaram de acontecer, durante o ano de 2007. Apesar dos pesares, 2007 pode ser considerado até certo ponto, positivo culturalmente falando. Foi o ano dos grandes shows musicais e da volta da escola de samba Asfaltão ao nosso carnaval de rua e da encenação da peça "Bizarrus". Os produtores teatrais também nos proporcionaram grandes espetáculos, enquanto o Sesc trouxe a nossa capital oficineiros de primeira categoria em se tratando de teatro e dança. Os Bonecos do Sesi fizeram a diferença, no âmbito de espetáculos populares. Mais uma vez, o FestCine mostrou que Rondônia e em especial Porto Velho, tem potencial no campo da produção cinematográfica e o que é melhor, tem público para o cinema, basta lembrar, que em todos os locais onde a coordenação exibiu os filmes, as salas ficaram literalmente lotadas. O Festival Folclórico mais conhecido como "Mostra de Quadrilhas e Bois-Bumbás" que aconteceu durante o Arraial Flor do Maracujá foi considerado o melhor de todos os tempos enquanto os historiadores se reuniram num seminário organizado pela prefeitura municipal através da Fundação Iaripuna e discutiram o nascimento e a origem do nome de Porto Velho. Os folcloristas também discutiram em seminário organizado pela Secel "As tendências a serem adotadas pelos grupos que se apresentam no Flor do Maracujá". Porém, nem tudo foram flores no seguimento cultural de Porto Velho. O Exército promoveu uma ação de guerra e impediu o governo estadual de retomar a construção do teatro, invadindo o local com tropas fortemente armadas. O espaço do Flor do Maracujá também foi vendido pelo Exercito para a Assembléia Legislativa de Rondônia construir sua nova sede e criou mais um problema para a Secel já que no próximo ano, dificilmente o espaço será liberado para a montagem do arraial. Vamos ar a comentar os acontecimentos nos devidos seguimentos culturais. Teatro – Sobre as Sombras de Lear Em algum momento do ano de 2006, fizemos um artigo no qual dizíamos que em 2007, Porto Velho se transformaria na capital do teatro, já, que segundo previsões dos nossos governantes, seríamos agraciados com o teatro da Escola Técnica Municipal, teatro do complexo da Madeira Mamoré que seria montado num dos galpões da Estrada de Ferro e mais o prosseguimento das obras do teatro sob a coordenação do governo estadual, aquele que fica nas proximidades do Flor do Maracujá, Resultado final, nada disso aconteceu e Porto Velho continua sendo a única capital de um estado brasileiro que não tem teatro oficial. Não sabemos por que, até hoje a Escola Técnica Municipal não foi inaugurada e em conseqüência a sala destinada a montagem de peças teatrais, dança e outros, espetáculos também não ficou pronta. Os galpões da Madeira Mamoré apesar de estarem sendo restaurados, ainda vão demorar muito a ficarem prontos e em conseqüência, vamos ficar também, sem a sala de teatro programada em sua planta. Como já dissemos, o governo estadual tentou retomar a construção do teatro que fica nas proximidades do Sesc no bairro Pedrinhas e foi surpreendido por uma verdadeira ação de guerra montada pelo Exército para impedir que as obras fossem reiniciadas. Alegaram os militares que o governo estadual não cumpriu acordos firmados e por isso, não poderia retomar as obras. A pendenga ainda está sendo motivo de discussão em Brasília e enquanto não se tem uma solução, Porto Velho vai continuar sem teatro. Mesmo sem a cidade contar com uma sala de teatro oficial, os grupos de teatro que atuam em Porto Velho, não pararam, aliás, produziram e muito durante o ano, grupos como O Imaginário, Raízes do Porto, Sentidos e Abstratus aram o ano apresentando espetáculos teatrais em Porto Velho e alguns como o Raízes do Porto representou Rondônia no Festival de Teatro do Amazonas, enquanto O Imaginário termina o ano apresentando "Sobre a Sombra de Lear". O Projeto "Palco em Movimento" coordenado pela Fundação Iaripuna levou o Teatro de Bonecos aos quatro cantos da cidade. O grande destaque do ano em se falando de teatro foi a volta da encenação da peça "Bizarrus" pelo Grupo Complexo, Sem Nexo. Porto Velho pode não contar com uma sala de teatro oficial, mas, sua produção é considerada das melhores na Amazônia. Música – O ano das mulheres 2007 foi o ano dos grandes espetáculos musicais, principalmente os que tiveram como principal estrela as mulheres, assim tivemos a oportunidade de aplaudir o espetáculo "Chiquinha Gonzaga", com o elenco todo formado por mulheres que mostraram a obra da grande compositora brasileira. Ceiça Farias lançou o CD "Cordas e Barros" cujo repertório em sua maioria conta com músicas de compositores regionais. O CD é a essência do show homônimo onde a cantora e seus músicos utilizam apenas instrumentos de cordas (violão, baixo e violino) e de barro (alguidá, bilhas, potes etc.). Outro Cd que marcou o ano de 2007 foi o Naiá da cantora Elisa Cristina que também conta em seu repertório com músicas de compositores locais e regionais. O compositor e cantor Binho apresentou seu trabalho através do lançamento de um CD e do show apresentado no Projeto "Cesta Musical do Sesc". Nesse mesmo Projeto do Sesc, o compositor Silvio M. Santos após 47 anos de carreira, teve a oportunidade de mostrar seu trabalho musical fora do seguimento carnavalesco no show "Silvio Santos – O Poeta do Madeira". Porto Velho recebeu a comitiva do Projeto Itaú Musical cujo ícone em Rondônia é o instrumentista e compositor Bado. A conseqüência dessa visita (oficina) foi a seleção da Banda "Soda Acústica" para participar do Itaú Musical em 2008. O Canteiros Bar se consolidou como principal ponto musical de Porto Velho. E o Villas Bar é o único local onde se pode ouvir um bom chorinho com o Grupo Casa de Bamba toda sexta feira. Os pagodeiros aram a se encontrar para ouvir um bom samba, toda quinta feira no "Pagode da Santa". O Sesc mais uma vez, é destaque em se falando de realização de Projetos Musicais em Porto Velho. Carnaval – A volta do Asfaltão Em 2007 a Banda do Vai Quem Quer realizou o seu mais organizado desfile, enquanto o Galo da Meia Noite se consolidou como o bloco de trio elétrico que mais vende abada durante o carnaval tradicional e o Rio Kaiary mostrou que tem potencial ao colocar na avenida, grande número de foliões, fato que aconteceu também com o "Pirarucu do Madeira". Foi o ano do surgimento dos blocos de trio elétrico, "Até Que a Noite Vire Dia" e "Us Dy Phora" e da consolidação do bloco mirim "Bloco do Pinto". No naipe das escolas de samba o grande destaque vai para a volta da escola de samba Asfaltão após 12 anos afastada dos desfiles carnavalescos em Porto Velho. Voltou e foi campeã do Grupo de o da Fesec. No Grupo Especial das escolas filiadas à Fesec, a grande campeã foi à escola de samba Acadêmicos do São João Batista. Como vem acontecendo desde meados da década de noventa do século ado, o Bloco Maria Fumaça levou muita gente a Avenida Jorge Teixeira durante a realização do "Carnaval Fora de Época". Para finalizar a programação carnavalesca de 2007, na próxima segunda feira dia 31 a tarde, mais uma vez o Bloco "Mistura Fina" desfila pelas ruas do centro de Porto Velho dando adeus ao "Ano Velho". Folclore – A vitória da tradição O resultado da Mostra de Quadrilhas do Flor do Maracujá no ano de 2007 surpreendeu muita gente. Acontece que os jurados comandados pelo professor Marcos Teixeira elegeu a dança de quadrilha tradicional como símbolo da festa folclórica em Porto Velho. Após a abertura dos envelopes com as notas dos jurados dor Grupos de Quadrilhas, verificou-se que aqueles grupos que optaram pelo estilo chamado de "evoluído" colocando na arena grandes alegorias e indumentárias, que para os Jurados estavam mais para fantasia de escola de samba que para grupo de quadrilha. A polêmica foi tanta, que a Secel convocou os folcloristas para um Seminário para o qual convidou como palestrantes o representante do Ministério da Cultura G Vítor, o professor, historiador e pesquisador Marcos Teixeira; o museologo e ex secretario de cultura Antônio Ocampo entre outros. Todos esperavam uma grande discussão entre o Marcos Teixeira e o presidente do grupo de quadrilha "Rádio Farol" o também professor Severino Castro o que não aconteceu com o grau esperado. Foi um evento muito positivo para o futuro das apresentações dos nossos grupos folclóricos. Tudo provocado porque os jurados elegeram a Quadrilha Rosa de Ouro como vencedora do Flor do Maracujá e a Rosa Divina como vice-campeã enquanto os grupos que optaram pelo estilo "Evoluído" só conseguiram se classificar a partir do 6º lugar. Entre os grupos de Bois-Bumbás os grandes vencedores foram os grupos "Estrelinha" no seguimento Boi Mirim e o Corre Campo no seguimento Boi Adulto. A grande ausência foi a do Bumbá "Tira Teima" A nota triste fica por conta da aquisição por parte da Assembléia Legislativa do espaço conhecido como "Flor do Maracujá" onde até este ano foi realizado a Mostra de Quadrilhas e Bois-Bumbás, Caso a construção da Assembléia programada para iniciar no mês de março do próximo ano, a Secel vai ter dificuldades para conseguir montar o Arraial em outro espaço. Artes Plásticas - Galeria Afonso Ligório O grande ganho dos artistas plásticos no ano que termina, foi a inauguração da Galeria de Artes Visuais – "Afonso Ligório". Graças a luta da artista Rita Queiroz que mobilizou praticamente todos os poderes constituídos de Rondônia para conseguir transformar a Sala Madeira-Mamoré da Casa da Cultura Ivan Marrocos na Galeria de Artes Visuais Afonso Ligório. A solenidade de inauguração contou com a presença do governador Ivo Cassol e sua esposa dona Ivone. O Sesc dando prosseguimento ao Projeto Sobremesa Cultural promoveu a exposição com obras do artista plástico Geraldo Cruz, enquanto a Casa da Cultura abrigou durante o ano, várias exposições, entre elas, a dos artistas J Messias e a da artista Edilza Motta ambos no seguimento Naif também conhecido como "Primitivo". Literatura - Aproveitamos o espaço para registrar os eventos que foram marcados pelo Projeto "Sempre um Papo" que trouxe a Porto Velho entre outras atrações literárias, o jornalista Maurício Kubrusly, a escritora Mary Del Priore e o escrito e músico Jorge Mautner. O projeto é coordenado pelo produtor cultural Fred Pirilo. Podemos dizer que o "Sempre um Papo" foi o projeto cultural do ano. O show musical do ano foi o lançamento do CD do Grupo "Minhas Raízes" protagonizado pelo grupo que também é conhecido como "Os Meninos de Nazaré"