Os presos Wilkson Ney Barbosa da Silva, o “Pica-pau”, e Valdeiglan Alves do Nascimento, o “Deglan”, foram encontrados mortos por volta das 23h30 de quarta-feira, dentro do banheiro da ala 10, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
O local é usado como tranca disciplinar, que é uma extensão da tranca da ala 8, onde estão recolhidos hoje 40 presos. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil através da DGH (Delegacia-Geral de Homicídios) e Secretaria de Justiça e Cidadania, através da Corregedoria, que apura se houve alguma omissão da equipe de plantão.
Na DGH foi instaurando inquérito policial para apurar a morte dos detentos. A delegada Miriam di Manso foi designada para investigar o caso e também atendeu a ocorrência na madrugada. A princípio, disse que serão ouvidos os 12 detentos que estavam na mesma ala com as vítimas e ainda a equipe de servidores que estava de plantão. “Além dos depoimentos, vamos aguardar os laudos periciais para a conclusão do inquérito”, informou.
Conforme o secretário de Justiça e Cidadania, Márcio Santiago, as suspeitas são que os presos tenham executado Pica-pau e Deglan, depois simulando um duplo suicídio. Por volta das 23 horas ele foi avisado das mortes e se dirigiu para o presídio com o diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) e policiais militares.
Os dois corpos estavam pendurados pelo pescoço e com os pés a 20 centímetros do piso. Foi solicitada a equipe de peritos da Polícia Civil e do IML (Instituto de Medicina Legal). Além das cordas nos pescoços dos presos, os policiais observaram alguns arranhões e hematomas nas vítimas, o que reforça a tese de que foram executados pelos outros presos.
De acordo com Márcio Santiago, Pica-pau e Deglan estavam recolhidos na ala 10 por se tratar de uma extensão da ala 8, usada como tranca para os novos presos que entram no presídio e aqueles que cometem alguma infração como fuga. Junto com os dois estavam outros 12 presos cumprindo tranca disciplinar. O secretário informou que o cadeado da grade estava arrebentado, o que leva a crer que os presos de outras alas entraram no local e executaram as vítimas.
REPRESÁLIA – Segundo o secretário, as suspeitas são que as mortes de Pica-pau e Deglan foram em represália à revista surpresa ocorrida na manhã de quarta-feira na Penitenciária, quando os policiais encontraram cerca de meio quilo de pasta de cocaína, uma vasta quantidade de armas artesanais, sete celulares, carregadores e dinheiro. Os dois estariam sendo apontados como líderes da fuga de sete presos, incluindo os dois, na madrugada de terça-feira.
“Para nós, a execução deles foi em retaliação ao trabalho da polícia, já que as apreensões deram prejuízos financeiros. Além dos dois participantes da fuga em massa, outro preso Robson Oliveira Dias, que também havia fugido e foi recapturado no mesmo dia da fuga, estava recolhido na ala 10 junto com Pica-pau e Deglan e não sofreu nenhuma agressão, o que reforça que eles foram apontados como responsáveis pelos prejuízos trazidos com a fuga e a revista surpresa”, completou, informando que a segurança foi reforçada com policiais militares.