A comunidade quilombola de Rolim de Moura do Guaporé, distrito de Alta Floresta D’Oeste (RO), está em festa com a chegada da Romaria do Divino Espírito Santo, uma tradição de 137 anos, mantida pelas gerações de quilombolas, indígenas, e comunidades tradicionais do Brasil e Bolívia. Até sexta-feira (23), o festejo ficará na localidade com visitas às famílias e celebrações religiosas. Após essa parada, os romeiros embarcam para visitações em outras comunidades até o destino final, que neste ano será em Cafetal (Bolívia).
Reconhecida como patrimônio estadual cultural, a Festa do Divino do Vale do Guaporé consegue mover a emoção, a cultura e a fé dos moradores. Marcada por diversos momentos com rituais e celebrações, o festejo que tem a rota fluvial envolve 36 pessoas (24 adultos e 12 crianças) na embarcação que leva a Coroa do Divino.
Em cada comunidade que chega é recepcionada com cânticos por fieis que aguardam nas margens do rio Guaporé e afluentes. A primeira cerimônia da Cora do Divino acontece na Igreja Católica e depois tem as visitas nas casas. As famílias se sentem honradas e emocionadas com a presença da romaria com os símbolos da festa.
A presidente da Irmandade do Divino de Rolim de Moura do Guaporé, Miriam Zabala Magipo, se sente honrada em ajudar a manter essa tradição. “Para nós, a organização do evento é satisfatória por manter a nossa própria história de vida. Desde que nascemos no Vale do Guaporé convivemos com essa tradição religiosa que nos dá força espiritual e mantem a unidade da irmandade”, declarou.
De acordo com Miriam, a organização é coletiva e todos que se envolvem fazem questão de contribuir da melhor maneira. “É um festejo muito aguardado, um momento de muita alegria, onde o comprometimento de cada ajuda na realização”, destacou.
A Festa do Divino Espírito Santo é celebrada anualmente entre maio e junho pelas comunidades católicas do Vale do Guaporé, envolvendo brasileiros e bolivianos, sendo a mais antiga devoção religiosa e cultural da região.
Angilene Gomes Balbino – liderança da Associação da Comunidade Quilombola Rolim de Moura do Guaporé, ressaltou a importância cultural do evento e disse que o comprometimento das comunidades gera uma ligação profunda capaz de transcender gerações. “Desde a minha infância que participo, inspirada pelos meus país, que foram inspirados por seus ancestrais. É uma forte tradição de grande valor cultural que precisa fazer parte das politicas publicas culturais do Estado para a busca e captação de recursos, para manter e aperfeiçoar como mecanismo da cultura religiosa com potencial turístico”, considerou.