Um dos maiores filmes-concerto da história do rock, agora com um título mais pomposo, Pink Floyd at Pompeii - MCMLXXII, será relançado nos cinemas ao redor do mundo a partir do dia 24 de abril. E, pasmem: terá uma sessão especial dupla em Porto Velho, no Cine Araújo, nos dias 24 e 25. Rufem os tambores! Os fãs da banda britânica — considerada a mais completa do rock progressivo e responsável por um dos discos mais vendidos de todos os tempos, The Dark Side of The Moon (sim, aquele do prisma com o raio de cores), de 1973 — já podem preparar a viagem astral e sonora.
O filme, lançado originalmente em 1972, ganhou uma nova roupagem digital, produzida pela Trafalgar Releasing em parceria com a Sony Music Vision. A nova versão, que segue a do diretor Adrian Maben, ou por um trabalho hercúleo de restauração. Segundo Lana Topham, diretora do processo, a película teve que ser restaurada à mão, com a recuperação de falhas quadro a quadro a partir do negativo original de 35 mm.
Curiosamente, essa restauração só foi possível graças à descoberta do filme completo armazenado em cinco latas sem identificação clara, que estavam no acervo do Pink Floyd. A partir desse achado, Lana reuniu uma equipe com a missão de restaurar todo o material de forma minuciosa — incluindo a digitalização final em 4K, utilizando o que há de mais moderno na tecnologia audiovisual. O processo envolveu aprimoramento de cores em cada fotograma e ajustes de granulação quadro a quadro.
Na nova versão, com duração de 90 minutos, o filme combina a edição original de 60 minutos (lançada em 1972) com segmentos adicionais incluídos posteriormente por Adrian Maben, gravados no Abbey Road Studios, após a finalização do icônico álbum The Dark Side of The Moon.
Mas afinal, o que é esse filme-concerto do Pink Floyd que marcou época e uma geração inteira?
Diferente de tudo que havia sido feito até então, Pink Floyd: Live at Pompeii é quase uma antítese dos documentários musicais clássicos, como Woodstock (1970), dirigido por Michael Wadleigh e editado por Martin Scorsese e Thelma Schoonmaker — que retrata os três dias do lendário festival — ou Gimme Shelter (também de 1970), dirigido por David Maysles e Charlotte Zwerin, que registra um polêmico show dos Rolling Stones marcado por episódios de violência.
A diferença fundamental é que Live at Pompeii não tem público. Não há plateia. Apenas a banda, seus equipamentos de turnê e um setlist ao vivo, gravado no antigo anfiteatro romano de Pompeia, na Itália. Uma ideia original do cineasta Adrian Maben, grande irador do grupo. As filmagens ocorreram durante quatro dias em outubro de 1971.
O curioso é que a ideia surgiu quando Maben, durante férias na Itália, visitou o anfiteatro de Pompeia e percebeu que a acústica do local poderia ser usada para a gravação de uma apresentação ao vivo da banda. Ele queria fazer um documentário que unisse arte e música em um estado quase onírico. Fez a proposta ao empresário do Pink Floyd e ao guitarrista David Gilmour — e eles toparam.
Na ocasião, a banda levou toda a parafernália instrumental que tinha à disposição: de instrumentos a caixas de som e outros apetrechos eletrônicos, tudo dividindo espaço com a equipe de filmagem.
O documentário teve seu lançamento original em 1972, com uma versão mais enxuta de 60 minutos, exibida em Paris e no Reino Unido. Porém, o diretor Adrian Maben nunca ficou satisfeito com essa edição. Em 1974, ele relançou o material em uma versão mais encorpada, com 80 minutos, incluindo cenas adicionais em estúdio que mostram a banda trabalhando em The Dark Side of The Moon, além de entrevistas feitas no Abbey Road Studios pelo próprio Maben.
Na era do DVD, em 2003, Maben promoveu uma nova edição, acrescentando cenas adicionais filmadas em Pompeia que não haviam sido incluídas na versão original, além de outras músicas. Essa versão ou a ter 93 minutos de duração.
Eu assisti à versão original na adolescência, em um VHS pirata até que bacaninha, e foi uma das maiores viagens sonoras da minha vida. Lembro que, naquela mesma semana, fui na loja do Tito — a saudosa Discolândia — e comprei dois discos do Pink Floyd: Meddle e Ummagumma. Este último, um álbum duplo, levou praticamente toda a minha mesada do mês.
Abaixo, listo as músicas e a duração de cada uma nas duas versões do documentário, mostrando as diferenças:
Faixas da versão original (1972)
Música de introdução
Echoes– do disco Meddle (1971) – 23 minutos
Careful with That Axe, Eugene– do disco Ummagumma (1969) – 8min50s
A Saucerful of Secrets– do disco Ummagumma (1969) – 12min46s
One of These Days– do disco Meddle (1971) – 5min56s
Set the Controls for the Heart of the Sun– do disco Ummagumma (1969) – 9min12s
Seamus– do disco Meddle (1971) – 2min15s
Echoes (Parte 2)– do disco Meddle (1971) – duração somada à Parte 1
Faixas da versão do diretor (edição estendida)
Echoes (Parte 1)/ On the Run (imagens de estúdio, sem créditos)
Careful with That Axe, Eugene– do disco Ummagumma (1969) – 8min50s
A Saucerful of Secrets– do disco Ummagumma (1969) – 12min46s
Us and Them(imagens de estúdio) – do disco The Dark Side of the Moon (1973) – 7min50s
One of These Days– do disco Meddle (1971) – 5min56s
Seamus– do disco Meddle (1971) – 2min15s
Brain Damage– do disco The Dark Side of the Moon (1973) – 3min51s
Set the Controls for the Heart of the Sun– do disco Ummagumma (1969) – 9min12s
Echoes (Parte 2)– do disco Meddle (1971)
Após o relançamento do filme nos cinemas, a gravadora Sony Music pretende disponibilizar o álbum Pink Floyd at Pompeii – MCMLXXII, com a performance apresentada como um registro ao vivo completo pela primeira vez. Nessa nova edição, os formatos em CD e vinil poderão ser adquiridos exclusivamente no exterior.
Ou seja, trata-se de um espetáculo audiovisual inesquecível e de encher os olhos de qualquer roqueiro que se preze. O documentário é uma viagem além do limite sensorial, uma rara oportunidade de reencontro com uma banda clássica do rock progressivo e com uma das maiores transformações musicais já perpetuadas na história da música.
Em Porto Velho, aproveite e vá assistir. Vai ser uma experiência única.
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