Após um ano de enfrentamento a pandemia do coronavírus, é perceptível a exaustão dos profissionais da Saúde que atuam na linha de frente. Como exemplo disso, estão os assistentes sociais, que desempenham papéis importantes levando e aos familiares de pacientes que lutam pela vida.
O setor da assistência social geralmente possui uma base de dados composta por informações importantes, como o perfil dos pacientes, grupos socioeconômicos, raças e etnias, que servirá de apoio ao hospital, Estado e Ministério da Saúde.
Estes profissionais são responsáveis por fazer a mediação entre familiares, pacientes e médicos. “Nós fazemos a intervenção com a família, pois o período é atípico, então não é possível realizar visitas. A família recebe o boletim do paciente por meio de ligação do médico com a família e nós somos os responsáveis por este intermédio”, explica a coordenadora do setor de serviço social do Hospital de Campanha de Rondônia (HCAMP), Alexandra Dantas.
No HCAMP, o setor de assistência social foi criado a partir da inauguração do hospital em junho de 2020. Os assistentes relatam criar vínculos afetivos com familiares e pacientes, desenvolvendo um papel humanizador na área hospitalar. “Hoje nosso setor já está consolidado com uma equipe de sete assistentes sociais, uma equipe que trabalha 24h, junto com os pacientes e as famílias também”, explica a coordenadora.
Alessandra conta ainda que assim como muitos profissionais da linha de frente, superou seus medos e há um ano se despede todos os dias de suas filhas e marido para amparar outras famílias dentro do âmbito hospitalar. “Fiquei com muito receio de ser contaminada e transmitir para a minha família, mas acabei enfrentando esse medo em busca de poder estar atuando nesse momento tão crítico e encarei como aprendizado, e mesmo trabalhando aqui, nunca peguei covid-19”.
PANDEMIA
“Atuar na linha de frente meio a uma pandemia requer duas certezas, a de cumprir com seu dever a fim de ter um final feliz, ou não”. É assim que Alexandra define o sentimento de acompanhar de perto, por exemplo, o tratamento do indigena Aruká Juma, vítima da covid-19 no dia 17 de fevereiro de 2021. Ele era considerado o último homem guerreiro do seu povo. “Seu Aruká era um idoso com mais de 80 anos, último indígena puro da raça dele, e houve uma especulação muito grande sobre sua recuperação, porque do contrário, ele teria a sua etnia extinta, o que infelizmente aconteceu. Isso me chamou muito atenção”.
Por outro lado, casos de alta de pacientes em estado grave como o do senhor Antônio Diniz, onde a internação na UTI perdurou por dois meses se tornam motivo de grande alegria entre a equipe multidisciplinar. “Graças a Deus ele saiu recuperado. Chegamos a imaginar que o pior poderia acontecer, mas ele saiu recuperado e isso trouxe uma satisfação muito grande pra gente.”