Após a série de reportagens realizada pelo jornal Rondoniaovivo mostrando o sofrimento de comunidades inteiras com o desbarrancamento das margens do rio Madeira após a abertura das comportas da Usina de Santo Antônio, outra comunidade relata indignação com os impactos ambientais e sociais sofridos com as modificações de sua localidade advindas com a obra da hidrelétrica no Madeira.
Um ofício encaminhado pelos agricultores dos projetos de assentamentos Joana Darc I, II e III ao governador Confúcio Moura, requere à comissão de licenciamento ambiental do IBAMA que seja realizado um novo levantamento dos impactos sócio-ambientais nessa região. O motivo seria que no primeiro levantamento realizado não se levou em consideração diversos fatores que afetaram direta e indiretamente uma grande maioria dos moradores que a priori não seriam “atingidos” pela usina de Santo Antônio.
Impactos ambientais
O ponto crucial de contestação desses moradores está na afirmação da comunidade de que não existe normalidade nenhuma no fato de mesmo com o fim do período chuvoso no mês de maio de 2011 as áreas que inundaram permaneceram alagadas e com o retorno das chuvas em 2012 o problema simplesmente dobrou de gravidade, fato que segundo os agricultores constatam que as alterações na hidrologia da região após o inicio das obras da usina de Santo Antônio causaram impactos permanentes que irão prejudicar os agricultores que ali permanecerem.
Outro grave impacto ambiental relatado pela comunidade dos assentamentos Joana Darc é o de que animais silvestres e bichos peçonhentos estão se refugiando dentro das propriedades dos agricultores causando medo e obrigando com que os moradores fiquem reclusos à suas casas durante o período noturno.
Relatos dão conta de que um grande numero de cobras venenosas agora permeiam a região, fato que não existiam antes do inicio das obras, os moradores alegam que com o aumento do lençol freático, o desmatamento e desbarrancamento das regiões às margens do madeira estão empurrando esses animais para dentro dessas áreas rurais.
De acordo com um dos moradores do assentamento Joana Darc I uma onça invadiu uma área rural e matou exatos 32 bezerros. “Agora imagine se uma onça dessa mata uma criança, tenho certeza que o consorcio iria afirmar que não é culpa deles e que isso é comum na região, mas eu garanto que isso não é norma em nossa comunidade, tudo mudou e para pior”, afirmou o morador do assentamento.
Impactos sociais
As mazelas dos agricultores atribuídas por eles à usina de Santo Antônio não se restringe apenas no campo do impacto ambiental, graves problemas sociais são alegados pelos humildes moradores da área.
O ponto de enfoque é o isolamento da comunidade remanescente, pois após a realocação da grande maioria dos moradores do assentamento as famílias que sobraram aram a viver mais distante ainda de seus os a serviços básicos, um exemplo é o ensino escolar que findou após a desativação de uma pequena escola da região deixando cerca de 32 alunos fora da sala de aula. Comércio e outros pequenos serviços que eram oferecidos na área também desapareceram além da desativação de uma linha de ônibus urbano porque não havia usuários suficientes. “... na região do assentamento Joana Darc existe um eminente risco de colapso social, com aumento da violência e miséria naquela região...” é o que afirma um trecho do oficio encaminhado pelos moradores ao IBAMA.
Grande parte das estradas, linhas e ramais estão totalmente intrafegáveis ou oferecendo riscos aos motoristas que se arriscam a ar pelo local. Alguns agricultores para não terem seus produtos estragados acham melhor arrumar as linhas e despejam grandes quantidades de pedras pela estrada para amenizar os efeitos da alagação.
O sofrimento da comunidade perdura enquanto uma solução prática e efetiva não for realizada para findar com essas seqüências de problemáticas que afetaram a região dos assentamentos Joana Darc I, II e III após o inicio das obras da usina de Santo Antônio. De quem é o problema ainda não se tem a certeza, porém a solução é a responsabilidade de todos os envolvidos na problemática que trata com vidas de brasileiros humildes que trabalham com na “lida” diária e por muitas se sentem desamparados pelos braços da justiça.